31.5.12

Veremos o Seu Rosto

E verão o Seu rosto, e na sua testa estará o Seu nome. Apocalipse 22:4.

Não podemos agora ver a glória de Deus; e é só recebendo-O aqui que seremos habilitados a vê-Lo afinal, face a face. Deus deseja que conservemos os olhos fitos n´Ele, para que percamos de vista as coisas deste mundo. Não temos… tempo para que qualquer de nós retarde esse preparo que nos habilitará a ver a face de Deus. Temos de, aqui, tornar-nos semelhantes a Cristo, e conhecê-Lo como Salvador presente e pessoal.

Só olhando a Jesus, o Cordeiro de Deus, e seguindo-Lhe os passos, podereis preparar-vos para o encontro com Deus. Segui-O, e um dia palmilhareis as ruas de ouro da cidade de Deus — vê-Lo-eis, Aquele que pôs de lado Suas vestes reais e Sua real coroa e, disfarçando-Se com humanidade, veio ao nosso mundo e levou sobre Si nossos pecados, para que nos erguesse e nos desse uma revelação de Sua glória e majestade. Vê-Lo-emos face a face, se agora nos sujeitarmos a ser por Ele moldados e adaptados, em preparo para um lugar no reino de Deus.

Os que consagram a vida ao serviço de Deus, viverão com Ele através dos séculos dos séculos da eternidade. “O mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus.” Apocalipse 21:3.

Entregaram a Deus seu pensamento neste mundo; serviram-nO com o coração e o intelecto, e agora pode Ele escrever Seu nome em sua fronte. “E ali não haverá mais noite, … porque o Senhor Deus os alumia, e reinarão para todo o sempre.” Apocalipse 22:5. Não aparecem ali como quem mendigasse um lugar, pois Cristo lhes diz: “Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.” Mateus 25:34. Toma-os como filhos Seus, dizendo: Entrai na posse da vitória. A coroa da imortalidade é colocada na fronte dos vencedores. Tomam suas coroas e lançam-nas aos pés de Jesus e, dedilhando suas harpas de ouro, fazem reboar todo o Céu com rica música em hinos de louvor ao Cordeiro. Então “verão o Seu rosto, e na Sua testa estará o Seu nome”. Apocalipse 22:4.

Ellen G. White, Cuidado de Deus, pág. 150.

27.5.12

O Fim de Pilatos

Quando os judeus voltaram da presença de Herodes trazendo Jesus de volta ao tribunal, Pilatos ficou muito aborrecido e perguntou-lhes o que queriam que ele fizesse. Lembrou-lhes de que já O havia interrogado e não encontrara nenhuma culpa nEle. Recordara-lhes as acusações que fizeram contra Ele, mas nenhuma prova convincente fora apresentada para confirmar uma única acusação.
Conforme foi mencionado anteriormente, levaram-No à presença de Herodes, que era judeu como eles mesmos e ele nada encontrou para que fosse condenado à morte. Contudo, para apaziguar os acusadores, Pilatos disse: "Portanto, após castigá-Lo, soltá-Lo-ei." Luc. 23:16.
Nisso, Pilatos mostrou sua fraqueza, pois se sabia que Cristo era inocente, por que mandaria castigá-Lo? Assim fazendo, comprometia-se com o erro. Os judeus não mais esqueceram disso durante o julgamento. Haviam conseguido intimidar o governador romano e, agora, tirando vantagem disso, haveriam de pressioná-lo até conseguir a condenação de Jesus.
A multidão, em alvoroço, exigia mais e mais a vida do prisioneiro. Enquanto hesitava em relação ao que fazer, recebeu uma carta de sua esposa que dizia: "Não te envolvas com esse Justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por Seu respeito." Mat. 27:19.
Pilatos, ao ler a carta, empalideceu; o povo, ao perceber sua hesitação, redobrou a insistência. Ele sabia que precisava tomar alguma atitude. Era costume, no período da Páscoa, soltar um prisioneiro que o povo escolhesse. Os soldados romanos haviam capturado havia pouco, um criminoso de fama, chamado Barrabás. Era ladrão e assassino. Então Pilatos voltou-se para a multidão e perguntou-lhes com seriedade:
"A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo?" Mat. 27:17.
"Toda a multidão, porém, gritava: Fora com Este! Solta-nos Barrabás!" Luc. 23:18.
Pilatos Perde a Autoridade
Pilatos emudeceu de espanto e desapontamento. Entregando o julgamento ao povo, ele havia perdido a dignidade e o controle da multidão. Daí em diante, tornou-se apenas um joguete nas mãos do povo. Eles o levavam aonde queriam. Então perguntou:
"Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo? Seja crucificado! Responderam todos. Que mal fez ele? Perguntou Pilatos. Porém, cada vez clamavam mais: Seja crucificado!" Mat. 27:22 e 23.
Quando ouviu o grito terrível "Crucifica-O!", o rosto de Pilatos empalideceu. Ele não imaginara tal desfecho. Repetidas vezes havia declarado Jesus inocente, contudo o povo insistia em que Ele sofresse a mais cruel de todas as mortes. Outra vez perguntou: "Que mal fez Ele?" E outra vez o terrível grito ecoou nos ares: "Crucifica-O!" Mar. 15:14.
Pilatos fez um último esforço para despertar-lhes simpatia. Mandou que tomassem a Jesus, completamente exausto e coberto de feridas e O açoitassem na presença de Seus acusadores.
O Escárnio dos Ímpios
"Os soldados, tendo tecido uma coroa de espinhos, puseram-Lha na cabeça e vestiram-No com um manto de púrpura. Chegavam-se a Ele e diziam: Salve, Rei dos judeus! E davam-Lhe bofetadas." João 19:2 e 3. Cuspiram nEle e uma perversa mão arrancou a vara que Lhe haviam posto nas mãos e com ela golpeou-Lhe a coroa em Sua fronte a ponto de os espinhos penetrarem em Suas têmporas e o sangue jorrar pelo rosto e barba.
Satanás liderava os soldados cruéis em seus abusos contra Jesus. Queria incitá-Lo a algum tipo de vingança, se possível, ou levá-Lo a operar um milagre para livrar a Si mesmo e assim frustrar o plano da salvação. Uma única mancha em Sua vida humana, ou uma única falha em suportar o terrível teste e o Cordeiro de Deus seria uma oferta imperfeita e a redenção do homem teria fracassado.
Aquele, porém, que podia comandar as hostes celestiais e chamar em Seu auxílio legiões de anjos, sendo que apenas um deles seria suficiente para subjugar a turba cruel, que poderia ter lançado por terra Seus atormentadores com apenas um raio de Sua divina majestade, submeteu-Se a todas as afrontas e ultrajes com uma compostura digna e humilde. Assim como os atos de Seus torturadores os envilecia à semelhança de Satanás, a mansidão e a paciência de Jesus exaltavam-No acima da humanidade e provavam Seu parentesco com Deus.
Pilatos comoveu-se profundamente com a paciência e a resignação do Salvador. Pediu que introduzissem a Barrabás na sala do julgamento e então colocou os prisioneiros lado a lado. Apontando para Jesus disse em tom solene: "Eis o homem! ... Eis que eu vo-Lo apresento, para que saibais que eu não acho nEle crime algum." João 19:5 e 4.
Ali estava o Filho de Deus, com o manto escarlate e a coroa de espinhos. Desnudo até a cintura, exibia nas costas os vergões extensos e cruéis dos quais o sangue fluía livremente. Seu rosto, manchado de sangue, trazia as marcas da completa exaustão e dor; mas nunca parecera mais belo. Cada traço expressava bondade e resignação e a mais terna piedade para com Seus algozes cruéis.
Em chocante contraste, achava-se o outro prisioneiro em cujas feições mostrava o criminoso empedernido que era.
Entre os espectadores havia alguns que simpatizavam com Jesus. Mesmo os sacerdotes e príncipes estavam convictos de que Ele era quem dizia ser. Mas não se renderam. Haviam induzido a turba a uma fúria insana e novamente os sacerdotes, os príncipes e o povo gritaram:
"Crucifica-O, crucifica-O!" João 19:6.
Finalmente, com a paciência esgotada diante de uma crueldade tão vingativa e irracional, disse ao povo:
"Tomai-O vós outros e crucificai-O; porque eu não acho nEle crime algum." João 19:6.
Pilatos fez tudo o que podia para libertar o Salvador; mas os judeus gritavam:
"Se soltas a Este, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei é contra César." João 19:12.
Tais palavras atingiram Pilatos em seu ponto fraco. Ele já se tornara suspeito ao governo romano e tal notícia a seu respeito seria sua ruína. "Vendo Pilatos que nada conseguia, antes, pelo contrário, aumentava o tumulto, mandando vir água, lavou as mãos perante o povo, dizendo: Estou inocente do sangue dEste Justo; fique o caso convosco!" Mat. 27:24.
Em vão Pilatos tentou eximir-se da culpa de condenar Jesus. Se tivesse agido com energia e firmeza a princípio, fiel à sua própria e justa convicção, o povo teria que acatar sua decisão e não subjugaria sua vontade. Sua vacilação e indecisão foram sua ruína. Viu que não podia libertar Jesus e ainda manter sua posição e honra. Preferiu sacrificar uma vida inocente a perder sua autoridade terrena. Submetendo-se às exigências do povo, novamente mandou açoitar Jesus, e entregou-O para ser crucificado.
Mas apesar de suas precauções, o que mais temia veio sobre ele. Foi destituído de sua posição de honra, vindo a morrer não muito tempo depois da crucifixão, ferido em seu orgulho e atormentado de remorsos.
Do mesmo modo, todos os que se comprometem com o pecado, só ganharão sofrimento e ruína. "Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte." Prov. 14:12.
Invocando a Maldição
Quando Pilatos se declarou inocente do sangue de Cristo, Caifás respondeu com arrogância:
"Caia sobre nós o Seu sangue e sobre nossos filhos!" Mat. 27:25.
Essas terríveis palavras foram repetidas pelos sacerdotes e pelo povo. Tremenda sentença acabavam de pronunciar sobre si mesmos, horrível herança para a posteridade.
Isso se cumpriu literalmente nas dramáticas cenas da destruição de Jerusalém, cerca de quarenta anos mais tarde.
Literalmente têm-se cumprido na dispersão, no desprezo e na opressão a que estão sujeitos seus descendentes desde aquele dia. Mas será duplamente literal quando o acerto final de contas vier. O cenário então será mudado. "Esse Jesus... virá" (Atos 1:11) "em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus." II Tess. 1:8.
Dirão eles, então, aos montes e rochedos: "Caí sobre nós e escondei-nos da face dAquele que Se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande dia da ira dEles; e quem é que pode suster-se?" Apoc. 6:16 e 17.

24.5.12

Vale a Pena Esperar

“Quando Cristo vier reunir para Si os que foram fiéis, soará a última trombeta, e toda a Terra, dos cumes das mais altas montanhas aos mais baixos recantos das minas mais profundas, a ouvirá. Os justos mortos ouvirão o som da última trombeta e sairão de suas sepulturas, para ser revestidos da imortalidade e encontrar-se com o seu Senhor. Demoro-me com prazer sobre a ressurreição dos justos, os quais sairão de todas as partes da Terra, de cavernas rochosas, de calabouços, das covas da Terra, das águas do mar. Ninguém é passado por alto. Todos ouvirão Sua voz. Eles sairão com regozijo e vitória.”

“Com indizível amor Jesus dá as boas-vindas a Seus fiéis, para o ‘gozo’ do Senhor. O gozo do Salvador consiste em ver, no reino de glória, as pessoas que foram salvas por Sua agonia e humilhação. Nos resultados de Sua obra, Cristo contemplará Sua recompensa. Naquela grande multidão que ninguém pode contar, apresentada como ‘irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória’, Aquele cujo sangue nos redimiu e cuja vida nos ensinou, verá o ‘trabalho da Sua alma’ e ‘ficará satisfeito’.”

“Cristo, só Cristo e Sua justiça, obterão para nós um passaporte ao Céu. O coração orgulhoso se esforça por alcançar a salvação; mas tanto o nosso título ao Céu, como nossa idoneidade para ele, encontram-se na justiça de Cristo. Para fazermos parte da família celestial, [Cristo] tornou-Se membro da família humana.”

“Quando os redimidos estiverem perante Deus, responderão ao chamado pessoas que ali estão por causa dos fervorosos e perseverantes esforços feitos em seu benefício, e das súplicas e intensa persuasão para que fujam para a Fortaleza. Dessa forma, os que neste mundo têm estado a cooperar com Deus, receberão a sua recompensa. Quando os portais daquela linda cidade lá do alto se revolverem nos seus luzentes gonzos, e nela entrarem as hostes que observaram a verdade, coroas de glória lhes serão colocadas sobre a cabeça, e eles atribuirão a Deus honra, glória e majestade. E naquela ocasião alguns se aproximarão de vocês, dizendo: ‘Não fossem as palavras que você me proferiu bondosamente, não fossem suas lágrimas, súplicas e diligentes esforços, e eu nunca teria visto o Rei na Sua formosura.’ Que recompensa é essa! Quão insignificante é o louvor de seres humanos nesta vida terrena e transitória, em comparação com as infinitas recompensas que estão reservadas aos fiéis na futura vida imortal!”

Ellen G. White

22.5.12

Leais a Deus, ou aos homens?

Mais importa obedecer a Deus do que aos homens. Atos dos Apóstolos 5:29.
Daniel e seus companheiros tinham a consciência livre de ofensa para com Deus. Mas isto não se consegue sem luta. Que prova foi a que sobreveio aos três companheiros, de Daniel quando lhes foi exigido que adorassem a grande imagem erguida pelo rei Nabucodonosor nas planícies de Dura! Seus princípios lhes proibiam prestar homenagem ao ídolo; pois era um rival do Deus do Céu. Sabiam que deviam a Deus todas as faculdades que possuíam, e conquanto tivessem o coração cheio de generosa simpatia para com todos os homens, tinham também a elevada aspiração de demonstrar-se inteiramente leais ao seu Deus.
Declarou o rei aos três jovens hebreus: Se “vos prostrardes e adorardes a estátua que fiz, bom é; mas, se a não adorardes, sereis lançados, na mesma hora, dentro do forno de fogo ardente; e quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” Disseram os jovens ao rei: “Não necessitamos de te responder sobre este negócio. Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; Ele nos livrará do forno de fogo ardente e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.” Daniel 3:15-18. … Aqueles jovens fiéis foram lançados na fornalha, mas Deus manifestou Seu poder, livrando os Seus servos. Alguém semelhante ao Filho de Deus andou com eles no meio das chamas, e quando os foram tirar, não apresentavam nem cheiro de leve queimadura.

Assim aqueles jovens, imbuídos do Espírito Santo, declararam a toda a nação a sua fé, que Aquele que adoravam era o único Deus vivo, e verdadeiro. Esta demonstração de sua fé foi a mais eloqüente apresentação de seus princípios. Para impressionar os idólatras com o poder e grandeza do Deus vivo, devem Seus servos revelar sua reverência para com Deus. Têm de tornar manifesto que é Ele o único objeto de sua honra e culto, e que consideração alguma, nem mesmo a preservação da vida, os pode induzir a fazer a menor concessão à idolatria. Essas lições têm influência direta e vital sobre nossa experiência nestes últimos dias.

Ellen G. White, Nos Lugares Celestiais, pág.150.

21.5.12

A Glória do Calvário

Jesus foi levado ao Calvário apressadamente, em meio a zombarias e gritos de insulto da multidão. Ao passar o limiar do tribunal, puseram-Lhe sobre os ombros feridos a cruz destinada a Barrabás. Os dois ladrões que também seriam crucificados com Jesus receberam a sua cruz.
O peso do madeiro era mais do que o Salvador podia suportar, em Sua exaustão e sofrimento. Andou apenas alguns passos e caiu desmaiado sob o peso da cruz.
Quando voltou a Si, a cruz foi outra vez colocada sobre Seus ombros. Cambaleou mais alguns passos e outra vez caiu sem sentidos. Seus algozes viram que Lhe era impossível carregar aquele peso além de Suas forças e ficaram perplexos, sem saber quem deveria levar aquele fardo humilhante.
Naquele momento, vindo casualmente ao encontro deles, apareceu Simão, um cireneu, a quem obrigaram a levar a cruz até o Calvário.
Os filhos de Simão eram discípulos de Jesus, mas ele mesmo não tinha aceitado a Cristo como seu Salvador. Mais tarde,
Simão sentiu-se sempre grato pelo privilégio de carregar a cruz do Redentor. O peso que foi obrigado a levar tornou-se um meio para sua conversão. Os eventos do Calvário e as palavras que ouviu Jesus pronunciar levaram-no a aceitá-Lo como o Filho de Deus.
Chegando ao lugar da crucifixão, os condenados foram amarrados aos instrumentos de suplício. Os dois ladrões reagiram contra os que tentavam crucificá-los; o Salvador, porém, não ofereceu resistência.
Momentos de Angústia
A mãe de Jesus O havia seguido naquela terrível jornada até o Calvário. Ao vê-Lo sucumbir exausto ao peso da cruz, seu coração ansiava por prestar-Lhe socorro, mas esse privilégio lhe foi negado.
A cada passo daquele caminho tão sofrido, desejava que seu filho manifestasse o poder divino para livrar-Se da turba assassina e agora que o drama chegava ao seu ato derradeiro, vendo ela como os ladrões eram pendurados na cruz, que suspense e angústia sentiu na alma!
Devia Aquele que havia ressuscitado os mortos entregar-Se para ser crucificado? O Filho de Deus consentiria que Lhe dessem morte tão cruel? Devia ela renunciar à crença de que Ele era de fato o Messias?
Ela viu também Suas mãos serem estendidas no madeiro - aquelas mãos que sempre se estenderam para abençoar os sofredores. Trouxeram cravos e martelo e, quando os pregos perfuraram-Lhe as mãos, os discípulos inconsoláveis, levaram o corpo desmaiado de Maria para longe daquela cena cruel.
O Salvador não soltou um gemido sequer. De Seu rosto pálido e sereno, o suor corria fartamente. Os discípulos tinham fugido da pavorosa cena. "O lagar, Eu o pisei sozinho, e dos povos nenhum homem se achava comigo." Isa. 63:3.
Enquanto os soldados faziam sua obra, a mente de Jesus desviou-se de Seus sofrimentos para se concentrar na terrível recompensa que aguardava os Seus perseguidores. Tendo piedade de sua ignorância, orou: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem." Luc. 23:34.
Assim, Cristo conquistou o direito de tornar-Se o intercessor entre os homens e Deus. Essa oração abrangia o mundo todo, incluindo cada pecador que existiu ou que viria a existir, desde o princípio até a consumação do século.
Toda vez que pecamos, Cristo é ferido outra vez. Por nós, Ele ergue as mãos feridas diante do trono do Pai e diz: "Perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem." Luc. 23:34.
O Rei dos Judeus e do Universo
Logo depois de pregar Jesus na cruz, homens fortes levantaram o madeiro e o fincaram violentamente no chão. Isso causou um intenso sofrimento ao Filho de Deus. Pilatos escreveu então um letreiro em latim, grego e hebraico, o qual mandou afixar em cima da cruz, para que todos pudessem ler:
"Jesus Nazareno, o Rei dos judeus." João 19:19.
No entanto, os judeus pediram que Pilatos mudasse a inscrição do letreiro, dizendo:
"Não escrevas: Rei dos judeus, e sim que Ele disse: Sou o Rei dos judeus." João 19:21.
Mas Pilatos sentia-se descontente consigo mesmo por causa de sua fraqueza e desprezou completamente os príncipes perversos e invejosos, dizendo:
"O que escrevi, escrevi." João 19:22.
Os soldados dividiram entre si as vestes de Jesus, mas como Sua túnica era sem costura, contenderam por ela e finalmente fizeram um acordo de que deveriam lançar a sorte para ver quem a levaria. O profeta de Deus já havia predito esse incidente nas Escrituras:
"Cães Me cercam; uma súcia de malfeitores Me rodeia; traspassaram-Me as mãos e os pés. Repartem entre si as Minhas vestes e sobre a Minha túnica deitam sortes." Sal. 22:16 e 18.
Assim que Jesus foi erguido na cruz, desenrolou-se uma terrível cena. Sacerdotes, príncipes do povo e escribas juntaram-se à multidão e irromperam em zombarias e insultos contra o Filho de Deus agonizante, dizendo:
"Se Tu és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo." Luc. 23:37. "Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-Se. É Rei de Israel! Desça da cruz, e creremos nEle. Confiou em Deus; pois venha livrá-Lo agora, se, de fato, Lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus." Mat. 27:42 e 43.
Cristo poderia ter descido da cruz; mas, se tivesse feito isso, jamais poderíamos ser salvos. Por amor a nós, Ele Se dispôs a morrer.
"Mas Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados." Isa. 53:5.
Vida de Cristo, pp. 139-143

16.5.12

A Morte de Cristo

Ao entregar Sua preciosa vida, Cristo não teve a alegria do triunfo para animá-Lo. Seu coração encontrava-se oprimido pela angústia e ferido pela tristeza. Mas não era o medo da morte a causa do Seu sofrimento, e sim o peso esmagador do pecado do mundo que O separava do amor de Seu Pai. Isso foi o que quebrantou o coração do Salvador, a tal ponto que determinou Sua morte antes do tempo previsto.
Cristo sentiu a angústia que os pecadores hão de sentir quando tiverem consciência de sua culpa e reconhecerem estar para sempre excluídos da paz e da alegria do Céu.
Os anjos contemplam com assombro a intensa agonia do Filho de Deus. Sua angústia mental é tão intensa que quase não sente os sofrimentos da cruz.
A própria natureza simpatizou com aquela cena. O Sol que até o meio-dia havia brilhado no firmamento, negou seu brilho de repente; em volta da cruz, tudo ficou mergulhado em trevas, como se fosse a hora mais escura da noite. Essa escuridão sobrenatural durou três horas completas.
Um terror indizível se apossou da multidão. As zombarias e imprecações cessaram completamente e homens, mulheres e crianças caíram por terra cheios de pavor.
Relâmpagos ocasionais iluminavam a cruz e o Salvador crucificado. Todos julgavam que sua hora de retribuição havia chegado.
À hora nona, as trevas se dissiparam de sobre o povo, mas ainda envolviam o Salvador como um manto. Raios flamejantes pareciam arremessar-se sobre Ele, ali pendurado na cruz. Foi então que exclamou em um grito desesperado:
"Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?" Mat. 27:46.
Nesse ínterim, as trevas haviam baixado sobre Jerusalém e as planícies da Judeia. Todos os olhos se voltaram para a cidade condenada e viram os raios ameaçadores da ira de Deus sendo arrojados contra ela.
De repente, a escuridão sobre a cruz se dissipou e com voz clara e poderosa que parecia ressoar por toda a criação, Jesus exclamou:
"Está consumado!" João 19:30. "Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito!" Luc. 23:46.
Uma luz inundou a cruz e o rosto do Salvador tornou-se tão brilhante como o Sol. Depois curvando a cabeça sobre o peito, expirou.
A multidão ao redor da cruz ficou paralisada e com a respiração suspensa contemplava o Salvador. Outra vez, as trevas baixaram sobre a Terra e se ouviu um estrondo como um poderoso trovão acompanhado de um terremoto.
As pessoas foram lançadas umas sobre as outras pelo terremoto. Seguiu-se a mais terrível confusão. Nas montanhas vizinhas, as rochas fenderam-se precipitando-se penhasco abaixo.
Os túmulos se abriram lançando de si seus mortos. Parecia que toda a Criação estava se partindo aos pedaços. Sacerdotes, príncipes, soldados e o povo, mudos de terror, jaziam prostrados ao solo.
O Sacrifício Legítimo
Na hora em que Jesus morreu, alguns sacerdotes estavam ministrando no templo em Jerusalém. Eles sentiram o tremor, e, no mesmo instante, o véu que separava o lugar santo do santíssimo rasgou-se de alto a baixo pela mesma mão misteriosa que escreveu as palavras do juízo no palácio de Belsazar. O lugar santíssimo do santuário terrestre não era mais sagrado. Nunca mais a presença de Deus haveria de cobrir o propiciatório. Jamais o favor ou desfavor de Deus seria manifestado pela luz ou sombra nas pedras preciosas do peitoral do sumo sacerdote.
O sangue do sacrifício oferecido no templo havia perdido o valor. Ao morrer, o Cordeiro de Deus havia Se tornado o sacrifício pelos pecados do mundo.
Quando Cristo morreu na cruz do Calvário, abriu-se um caminho novo e vivo destinado tanto aos judeus quanto aos gentios. Os anjos se alegraram quando o Salvador exclamou: "Está consumado!" João 19:30. O grande plano da redenção havia sido cumprido. Através de uma vida de obediência, os filhos de Adão poderiam finalmente ser exaltados à presença de Deus. Satanás havia sido derrotado e sabia que seu reino estava perdido.

13.5.12

No Sepulcro de José

O Salvador havia sido condenado por crime de conspiração contra o governo romano. Pessoas que eram executadas por esse motivo tinham que ser sepultadas à parte, em um local destinado a tais criminosos.
João, o discípulo amado, estremeceu ante a ideia de que o corpo de seu amado Mestre pudesse ser levado pelos insensíveis soldados romanos e sepultado em um lugar de desonra. Mas ele não podia evitar isso e tampouco tinha alguma influência junto a Pilatos.
Nesse momento de indecisão, Nicodemos e José de Arimateia, homens ricos e de influência, vieram para ajudar os discípulos. Ambos eram membros do Sinédrio e conhecidos de Pilatos e decidiram que o Salvador seria sepultado com as devidas honras.
José foi à presença de Pilatos e pediu corajosamente o corpo de Jesus. Pilatos, depois de se ter informado de que Jesus estava realmente morto, concedeu-lhe o pedido.
Enquanto José foi conversar com Pilatos, Nicodemos fez os preparativos para o sepultamento. Era costume, na época, embalsamar o corpo com unguentos preciosos e especiarias, e envolvê-lo com lençóis de linho. Assim, Nicodemos trouxe cerca de 50 quilos de um preparado de mirra e aloés, muito caro, para o corpo de Jesus.
Nem a pessoa mais honrada de Jerusalém poderia receber maior respeito e honra em sua morte. Os humildes seguidores de Cristo estavam atónitos ao ver o interesse demonstrado por esses príncipes ricos no sepultamento de seu Mestre.
Homenagens Póstumas
Oprimidos pela tristeza, os discípulos haviam-se esquecido de que Jesus predissera aqueles acontecimentos. Estavam sem esperança. Nem José, nem Nicodemos haviam aceitado a Jesus como Salvador abertamente enquanto Ele vivia, mas tinham ouvido Seus ensinos e acompanharam bem de perto cada passo de Seu ministério. Embora os discípulos tivessem esquecido as palavras do Salvador acerca de Sua morte, José e Nicodemos lembravam-se muito bem delas. E as cenas ligadas com a morte de Jesus, que desanimaram os discípulos e abalaram sua fé, foram para esses líderes a prova incontestável de que Jesus era o Messias, levando-os a tomar uma posição firme ao Seu lado.
O apoio desses homens ricos e honrados era extremamente oportuno naquela ocasião. Eles podiam fazer por seu Mestre morto o que era impossível aos pobres discípulos.
Com delicadeza e reverência, removeram da cruz, com suas próprias mãos, o corpo de Cristo. Lágrimas de compaixão fluíam livremente ao contemplarem o corpo ferido e dilacerado do Mestre.
José possuía um sepulcro novo, talhado na rocha. Ele o havia construído para seu próprio uso mas agora o destinara a Jesus. O corpo, com as especiarias trazidas por Nicodemos, foi cuidadosamente envolto em um lençol de linho e o Redentor foi levado à sepultura.
Embora os príncipes do povo tivessem conseguido a morte de Cristo, não podiam ficar tranquilos. Conheciam muito bem o Seu grande poder.
Alguns deles estiveram presentes no túmulo de Lázaro quando Jesus o chamou de volta à vida e tremiam ao pensar que Cristo poderia ressuscitar dos mortos e aparecer diante deles.
Tinham ouvido Jesus dizer à multidão que estava em Seu poder depor Sua vida e reavê-la e lembraram-se de Suas palavras: "Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei." João 2:19. E sabiam que Ele Se referia a Seu próprio corpo.
Judas lhes havia dito que em sua última viagem a Jerusalém, Ele teria dito:
"Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles O condenarão à morte. E O entregarão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado; mas, ao terceiro dia, ressurgirá." Mat. 20:18 e 19.
Recordavam-se agora de muitas coisas que Ele havia dito predizendo Sua ressurreição, e por mais que quisessem não conseguiam se livrar das apreensões. Como seu pai, o diabo, acreditavam e tremiam.
Todas as coisas confirmavam que Jesus era o Filho de Deus. À noite, não conseguiam dormir e viviam, agora que Jesus estava morto, mais preocupados com Ele do que quando estava vivo.
Decididos a fazer tudo o que pudessem para reter Jesus no túmulo, pediram a Pilatos para selar e guardar o sepulcro até
o terceiro dia. Pilatos enviou uma guarda à disposição dos sacerdotes, e disse:
"Aí tendes uma escolta; ide e guardai o sepulcro como bem vos parecer. Indo eles, montaram guarda ao sepulcro, selando a pedra e deixando ali a escolta." Mat. 27:65 e 66.

8.5.12

Ressuscitou!

A entrada do sepulcro havia sido fechada com uma grande pedra e a máxima segurança e cuidado foram empregados para guardar o túmulo. O selo do império romano fora colocado de tal maneira que a pedra não poderia ser removida sem rompê-lo.
Uma escolta de soldados romanos montava guarda ao redor, mantendo estrita vigilância para que o corpo não fosse molestado. Alguns guardas rondavam constantemente enquanto outros descansavam no chão.
Havia, porém, outra guarda perto do túmulo. Anjos poderosos, enviados do Céu, estavam ali. Apenas um desses anjos tinha força suficiente para destruir todo o exército romano.
A noite que precedeu a manhã do primeiro dia da semana arrastou-se lentamente, e aproximou-se a hora mais escura, antes do romper da alva.
Um dos mais poderosos anjos do Céu foi enviado. Seu rosto brilhava como um relâmpago e suas vestes eram brancas como a neve.
As trevas fugiam à sua passagem e o céu inteiro foi iluminado com o brilho de sua glória.
Os soldados adormecidos despertaram e colocaram-se em posição de sentido. Com assombro e admiração olharam o céu aberto e a visão resplandecente que deles se aproximava.
A terra tremia e arquejava à aproximação do poderoso ser celestial. O anjo veio para cumprir uma missão gloriosa e a velocidade e o poder de seu vôo sacudiram a terra em forte comoção. Soldados, oficiais e sentinelas caíram por terra como mortos.
Havia ainda outra guarda presente na entrada do sepulcro formada por espíritos maus. Cristo estava morto e Satanás, como dono do império da morte, exigia para si o corpo sem vida de Jesus.
Os anjos de Satanás estavam presentes para se certificar de que nenhum poder poderia arrebatar Jesus de seu domínio. Mas quando o mensageiro poderoso, enviado do trono de Deus, aproximou-se, eles fugiram de terror ante aquela visão.
Ressurgindo Vitorioso
O anjo rolou a grande pedra que selava o túmulo como se fosse um seixo e com voz poderosa que fez a terra tremer, bradou:
"Jesus, Filho de Deus, Teu Pai Te chama!"
Então Aquele que conquistara o poder sobre a morte, saiu do sepulcro triunfante e proclamou: "Eu sou a ressurreição e a vida." João 11:25. A hoste de anjos curvou-se em reverente adoração diante do Redentor e o receberam com cânticos de louvor. Ao ressurgir, a terra estremeceu, raios faiscaram e trovões ribombaram. Um terremoto assinalou a hora em que Jesus depôs Sua vida. Um terremoto também testemunhou o momento de Sua triunfante ressurreição.
Satanás irou-se grandemente porque seus anjos fugiram à aproximação dos mensageiros celestiais. Ele ousara acalentar a esperança de que Cristo não tornaria à vida e que o plano da salvação fracassaria. Mas quando viu o Salvador sair do túmulo triunfante, perdeu completamente a esperança. Sabia que seu reino teria fim e que finalmente seria destruído.

3.5.12

O Pecado e Arrependimento de David

Baseado em 2 Samuel 11-12.

A Bíblia pouco tem a dizer em louvor ao homem. Pouco espaço é concedido para se narrarem as virtudes, mesmo dos melhores homens que já viveram. Este silêncio não é sem motivo; não é destituído de ensinos. Todas as boas qualidades que os homens possuem são dom de Deus; suas boas ações são realizadas pela graça de Deus mediante Cristo. Visto que tudo devem a Deus, a glória do que quer que sejam ou façam, a Ele pertence somente; não são senão instrumentos em Suas mãos. Mais que isto — conforme ensinam todas as lições da história bíblica, é coisa perigosa louvar ou exaltar o homem; pois se alguém vem a perder de vista sua inteira dependência de Deus, e a confiar em sua própria força, é certo que cairá. O homem está a lutar com adversários mais fortes do que ele. “Não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais”. Efésios 6:12. É impossível a nós, em nossa própria força, sustentar o conflito; e o que quer que desvie de Deus a mente, o que quer que leve à exaltação própria ou presunção, está certamente a preparar o caminho para a nossa derrota. O conteúdo da Bíblia visa a inculcar desconfiança na força humana e incentivar a confiança no poder divino.

Foi o espírito de confiança e exaltação própria que preparou o caminho para a queda de Davi. A lisonja e as subtis atrações do poderio e do luxo não deixaram de ter efeito sobre ele. Relações com as nações circunjacentes também exerceram influência para o mal. Segundo o costume que prevalecia entre os governantes orientais, crimes que não seriam tolerados nos súbditos não eram condenados no rei; o qual não tinha o dever de observar as mesmas restrições que os súbditos. Tudo isto tendia para diminuir o senso de Davi em relação à excessiva malignidade do pecado. E, em vez de confiar humildemente no poder de Jeová, começou a confiar em sua própria sabedoria e poder. Logo que Satanás consiga separar de Deus a alma, única fonte de força, procurará ele despertar os desejos impuros da natureza carnal do homem. A obra do inimigo não é feita abruptamente; não é, ao princípio, súbita e surpreendente; é uma ação secreta de minar as fortalezas dos princípios. Começa em coisas aparentemente pequenas — negligência de ser fiel a Deus e de confiar n´Ele inteiramente, disposição para seguir costumes e práticas do mundo.

Antes da conclusão da guerra com os amonitas, Davi, deixando a liderança do exército a Joabe, voltou a Jerusalém. Os sírios já se haviam submetido a Israel, e a subversão total dos amonitas parecia certa. Davi estava cercado dos frutos da vitória e de honras pelo seu governo sábio e hábil. Foi agora, quando estava à vontade, e desprevenido, que o tentador aproveitou a oportunidade para lhe ocupar a mente. O fato de haver Deus tomado a Davi em ligação tão íntima com Ele, e de ter para com ele, Davi, manifestado tão grande favor dever-lhe-ia ter sido o mais forte incentivo para conservar irrepreensível o seu caráter. Mas quando, em sua comodidade e segurança, perdeu seu apego a Deus, Davi rendeu-se a Satanás, e trouxe sobre sua alma a mancha do crime. Ele, o chefe da nação indicado pelo Céu, escolhido por Deus para executar Sua lei, ele próprio pisou os seus preceitos. Aquele que deveria ter sido um terror aos malfeitores, pelo seu próprio ato lhes fortaleceu as mãos.

Entre os perigos da primeira parte de sua vida, Davi, consciente de sua integridade, podia confiar o seu caso a Deus. A mão do Senhor o havia conduzido com segurança através das inúmeras ciladas que tinham sido postas para seus pés. Mas agora, culpado e não arrependido, não rogava auxílio e guia do Céu, mas procurava desvencilhar-se dos perigos em que o pecado o envolvera. Bate-Seba, cuja beleza fatal se havia mostrado uma cilada ao rei, era a esposa de Urias, o heteu, um dos mais corajosos e fiéis oficiais de Davi. Ninguém poderia prever qual seria o resultado se o crime fosse conhecido. A lei de Deus declarava réu de morte o adúltero; e o soldado de espírito orgulhoso, tão vergonhosamente ofendido, poderia vingar-se tirando a vida do rei, ou provocando a nação à revolta.

Todo o esforço que Davi fez para esconder seu crime se mostrou inútil. Ele havia-se entregado ao poder de Satanás; o perigo o rodeava; a desonra, mais amarga do que a morte, estava diante dele. Não havia senão um meio para escapar, e, em seu desespero, apressou-se a acrescentar o assassínio ao adultério. Aquele que tinha tramado a destruição de Saul, procurava levar Davi também à ruína. Embora as tentações fossem diversas, levavam semelhantemente à transgressão da lei de Deus. Davi raciocinou que, se Urias fosse morto pela mão de inimigos na batalha, a culpa de sua morte não poderia ser atribuída ao rei; Bate-Seba estaria livre para ser a esposa de Davi, as suspeitas poderiam ser removidas, e mantida seria a honra real.

Urias foi feito portador de sua própria ordem de morte. Uma carta enviada pela sua mão a Joabe, da parte do rei, ordenava: “Ponde Urias na frente da maior força da peleja, e retirai-vos de detrás dele, para que seja ferido e morra”. 2 Samuel 11:15. Joabe, já manchado com o crime de um afrontoso assassínio, não hesitou em obedecer às instruções do rei, e Urias tombou pela espada dos filhos de Amom.

Até ali o registro de Davi como governante fora tal como poucos reis já o tiveram. Está escrito a respeito dele que “julgava e fazia justiça a todo o seu povo”. 2 Samuel 8:15. Sua integridade conquistara a confiança e lealdade da nação. Mas, afastando-se ele de Deus, e entregando-se ao maligno, tornou-se durante aquele tempo agente de Satanás; contudo, ainda mantinha a posição e autoridade que Deus lhe dera, e por causa disto, exigiu obediência que poria em perigo a alma daquele que a ela se rendesse. E Joabe, cuja fidelidade fora protestada ao rei em vez de a Deus, transgrediu a lei de Deus porque o rei o ordenara.

O poder de Davi fora a ele dado por Deus, mas para ser exercido apenas de acordo com a lei divina. Ordenando ele o que era contrário à lei de Deus, tornava-se pecado obedecer. “As potestades que há

"Não Temais"

Lucas, em seu relato a respeito do sepultamento do Salvador, fala sobre algumas mulheres que O acompanharam em Sua crucifixão dizendo:
"Então, se retiraram para preparar aromas e bálsamos. E, no sábado, descansaram, segundo o mandamento." Luc. 23:56.
O Salvador foi enterrado em uma sexta-feira, o sexto dia da semana. As mulheres prepararam os unguentos e as especiarias para embalsamar seu Senhor e os deixaram de lado até que o sábado tivesse passado. Nem mesmo o trabalho de embalsamar o corpo de Jesus quiseram fazer no sábado.
"Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem embalsamá-Lo. E, muito cedo, no primeiro dia da semana, ao despontar do Sol, foram ao túmulo." Mar. 16:1 e 2.
Quando se aproximaram do horto, surpreenderam-se ao ver o céu iluminado com uma claridade tão bela e sentiram a terra tremer sob seus pés. Apressaram-se em direção ao sepulcro e ficaram ainda mais surpresas ao ver que a pedra havia sido removida e nenhum soldado encontrava-se ali.
Maria Madalena fora a primeira a chegar. Vendo que a pedra havia sido removida, correu para contar aos discípulos. Quando a outra mulher se aproximou, viu uma luz brilhando no sepulcro e olhando lá dentro, notou que estava vazio.
Demorando-se um pouco mais ali, de repente viram um jovem, vestido em roupas resplandecentes, sentado perto do túmulo. Era o anjo que havia removido a pedra. Com medo, tentaram fugir, mas ele lhes disse:
"Não temais: porque sei que buscais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Vinde ver onde Ele jazia. Ide, pois, depressa e dizei aos Seus discípulos que Ele ressuscitou dos mortos e vai adiante de vós para a Galiléia; ali O vereis. É como vos digo!" Mat. 28:5-7.
Quando as mulheres olharam novamente para o túmulo, viram outro anjo reluzente, que lhes perguntou:
"Por que buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos de como vos preveniu, estando ainda na Galiléia, quando disse: Importa que o Filho do Homem seja entregue nas mãos de pecadores, e seja crucificado, e ressuscite no terceiro dia." Luc. 24:5-7.
Esperança Renovada
Os anjos então explicaram-lhes a respeito da morte e ressurreição de Cristo. Lembraram-nas das palavras que o próprio Cristo havia falado, nas quais havia predito Sua crucifixão e ressurreição. As palavras de Jesus agora faziam sentido e com esperança e coragem renovadas apressaram-se para contar as novas de grande alegria.
Maria estivera ausente daquela cena e voltava agora em companhia de Pedro e João. Quando eles retornaram a Jerusalém, ela permaneceu no local da sepultura. Não suportava a ideia de sair dali sem antes saber o que havia acontecido com o corpo do seu Senhor. Enquanto chorava, ouviu uma voz que lhe disse:
"Mulher, por que choras? A quem procuras?" João 20:15. Seus olhos, velados de lágrimas, impediram-na de reconhecer quem lhe falava. Pensou que se tratava do jardineiro e lhe disse em tom de súplica:
"Senhor, se tu O tiraste, dize-me onde O puseste, e eu O levarei." João 20:15.
Pensava consigo que se o túmulo daquele homem rico era um lugar de demasiada honra para o Seu Senhor, ela mesma providenciaria para Ele uma outra sepultura. Mas naquele momento a voz do próprio Cristo soou aos seus ouvidos: "Maria!" João 20:16.
Enxugando depressa as lágrimas, reconheceu diante de si o Salvador. Em sua alegria, esquecendo-se de que Ele havia sido crucificado, estendeu-Lhe as mãos, dizendo: "Raboni (que quer dizer Mestre)!" João 20:16.
Jesus, porém lhe disse: "Não me detenhas; porque ainda não subi para Meu Pai, mas vai ter com os Meus irmãos e dize-lhes: Subo para Meu Pai e vosso Pai, para Meu Deus e vosso Deus." João 20:17.
O Salvador recusou receber as homenagens de Seus discípulos até que pudesse certificar-Se de que Seu sacrifício havia sido aceito pelo Pai. Subiu às cortes celestiais e do próprio Deus recebeu a garantia de que Seu sacrifício pelos pecados da humanidade fora completo e perfeito para expiar o pecado; e através de Seu sangue, todos podiam obter a vida eterna.
Todo o poder no Céu e na Terra foi então dado ao Príncipe da vida, e Ele retornou aos Seus discípulos neste mundo pecaminoso, a fim de lhes comunicar Seu poder e Sua glória.