29.12.09

O AMOR DE DEUS II

JESUS não suprimiu uma única palavra da verdade, mas proferia-a sempre com amor. Ele exercia o maior facto, e ponderada e amável atenção, nas Suas relações com as pessoas. Ele nunca foi rude, nunca disse desnecessariamente uma palavra severa, nunca produziu dor desnecessária a uma alma sensível. Ele não censurava a fraqueza humana. Ele dizia a verdade, mas sempre com amor. Ele denunciava a hipocrisia, a descrença e o mal; mas havia lágrimas na Sua voz enquanto proferia as Suas censuras severas. Chorou sobre Jerusalém, cidade que Ele amava, que recusou recebê-l´O, ao Salvador, mas considerava os seus habitantes com terna simpatia. A Sua vida foi de abnegação e solícita consideração pelos outros. Casa alma era preciosa aos Seus olhos. Embora Se conduzisse sempre com dignidade divina, baixava-Se com o olhar mais terno para cada membro da família de Deus. em todos os homens Ele via almas caídas. Sendo a Sua missão salvá-las.
É assim o carácter de Deus revelado na vida de Cristo. Este é o carácter de Deus. é do coração do Pai que as correntes da compaixão divina, manifestadas em Cristo, fluem para os filhos dos homens. Jesus, o terno, compassivo Salvador, era Deus “manifesto na carne” (1ª Tim. 3:16).
Foi para nos redimir que Jesus viveu, sofreu e morreu. Ele tornou-Se “um Homem de Dores”, para que pudéssemos ser participantes da alegria eterna. Deus permitiu ao Seu amado Filho, chio de graça e verdade, vir dum mundo de indiscutível glória, a um mundo manchado e afligido pelo pecado, escurecido com a sombra d a morte e da maldição. Ele permitiu-Lhe deixar o seio do Seu amor, a adoração dos anjos, para sofrer vergonha, insulto, humilhação, ódio e morte. “O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Isaías 53:5). Contemplem-n´O no deserto, no Getsémani, sobre a cruz! O imaculado Filho de Deus tomou sobre Si mesmo o fardo do pecado. Aquele que tinha sido um com Deus, sentiu na Sua alma a terrível separação que o pecado faz entre Deus e o homem. Isto fez brotar dos Seus lábios o angustiante clamor: “Deus meu, Deus meu, porque Me desamparaste?” (Mateus 27:46). Foi o fardo do pecado, o sentimento d sua terrível enormidade, da separação que ele causa entre a alma e Deus – foi isto que despedaçou o coração do Filho de Deus.
Mas este grande sacrifício não foi feito a fim de criar, no coração do Pai, amor pelo homem, nem para o tornar disposto a salvar. Não, não! “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigénito”. (João 3:16). O Pai ama-nos, não por causa da grande intercessão, mas Ele providenciou a intercessão porque nos ama. Cristo foi o meio através do qual Ele pôde derramar o Seu infinito amor sobre um mundo caído. “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo mesmo o mundo” (2ª Cor. 5:19). Deus sofreu com o Seu Filho. Na agonia do Getsémani, a morte do Calvário, o coração de Infinito amor pagou o preço da nossa redenção.
Jesus disse: Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la” (João 10:7). Isto é, “o meu Pai tem-vos amado de tal maneira que Ele até me ama mais por dar a minha vida para vos redimir. Ao tornar-me o vosso Substituo e Fiador, ao dar a minha vida para tomar as vossas fraquezas, as vossas transgressões, sou querido do meu Pai; pois pelo meu sacrifício, Deus pode ser justo, e todavia ser justificar daquele que crê em Jesus.
Ninguém senão o Filho de Deus podia realizar a nossa redenção; pois só Aquele que esteve no seio do Pai o podia revelar. Unicamente que conhecia a altura e a profundidade do amor de Deus podia manifestar esse amor. Apenas o infinito sacrifício feito por Cristo em favor do homem caído, podia expressar o amor do Pai para com a humanidade perdida.
“Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho Unigénito”. Ele deu-O não só para viver entre os homens, para carregar os seus pecados, e morrer em sacrifico por eles. Ele deu-O à raça caída. Cristo devia identicar-Se com os interesses e necessidades da humanidade. Ele, que era um com Deus, ligou-Se com os filhos dos homens por laços que não devem nunca quebrar-se. Jesus “não se envergonha de lhes chamar irmãos.” (Heb. 2:11); Ele é o nosso Sacrifício, o nosso Advogado, o nosso Irmão; portanto, a nossa forma humana perante o trono do Pai, e através das eras eternas é um com a raça que Ele redimiu – o Filho do homem. E tudo isto para que o homem pudesse ser erguido da ruína e degradação do pecado, para que pudesse reflectir o amor de deus e participar da alegria da santidade.
O preço pago pela nossa redenção, o infinito sacrifício do nosso Pai celestial em dar o Seu Filho para morrer por nós, deveria dar-nos elevadas concepções daquilo que podemos tornar-nos mediante Cristo. Depois do inspirado apóstolo João ter percebido a altura, a profundidade, a largura do amor do Pai para com a humanidade, ele encheu-se de adoração e reverência; e, incapaz de encontrar linguagem adequada para expressar a grandeza e ternura de deste amor, apelou ao mundo para o contemplar. “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai; que fôssemos chamados filhos de Deus.” (1ª João 3:1). Que valor isto coloca sobre o homem! Pela transgressão, os filhos do homem tornaram-se súbditos de Satanás. Pela fé no sacrifício de expiação de Cristo, os filhos de Adão podem tornar-se filhos de Deus. Ao tomar a natureza humana, Cristo eleva a humanidade. Homens caídos são colocados onde, pela união com Cristo, eles se podem tornar, na verdade, dignos do nome “filhos de Deus”.
Este amor não tem paralelo. Filhos do REI celestial! Preciosa promessa! Tema para a mais profunda meditação! O incomparável amor de Deus por um mundo que não O amava! O pensamento tem um poder subjugante sobre a alma e submete a mente cativa à vontade de Deus. Quanto mais estudarmos o carácter divino à luz da cruz, mais veremos misericórdia, ternura e perdão unidos com equidade e justiça, e mais claramente discerniremos evidências inumeráveis dum amor que é infinito e uma terna compaixão que ultrapassa a simpatia e o amor duma mãe ansiosa por um filho desviado.

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