2.11.09

A SANTIFICAÇÃO - OBRA PRIMA DE DEUS - II

Vamos examinar essa base jurídica da santificação do aspecto negativo do pecado e do aspecto positivo da santidade.

1- A QUESTÃO DO PECADO.
Tem sido dito muitas vezes que a justificação é a libertação da culpa do pecado, enquanto que a santificação é a libertação do poder do pecado. Mas não podemos separar um do outro, se for feito, não se tem consciência do primeiro e não se aprecia a bênção do segundo. Isso ocorre com frequência na teologia da "santidade" onde é postulado que existem dois tipos de cristãos – os eleitos, que estão livres da culpa do pecado, e os eleitos, que também são livres do poder do pecado, a partir do memento que conhecem a Jesus como Salvador. A Bíblia não conhece nada deste tipo de separação entre justificação e santificação. É completamente pernicioso tanto um pensamento como o outro, e isto porque pode levar ao orgulho espiritual entre aqueles que imaginam que eles estão fora de Romanos 6 e de Romanos 8, que leva a noção de que um homem pode ser salvo da culpa do pecado e continuar a chafurdar no pecado e na santificação.

Existe uma relação directa entre a culpa do pecado e o poder do pecado. Se a culpa do pecado é removida, o poder do pecado é quebrado. Este é o ponto de Paulo em Romanos 6:14: "Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estão sob a lei, mas debaixo da graça". Ou seja, enquanto um homem está "sob a lei", pecado será rei sobre ele, e ele será forçado a se render ao seu reinado. Mas se ele vem com graça, o pecado não tem mais poder para dominar e tiranizar.

Em Romanos 7 Paulo passa a explicar o mistério da relação entre a lei e o poder do pecado. A força do pecado não é pecado em si, pois "a força do pecado é a lei". 1 Coríntios. 15:56. A lei, sim, a santa, justa e boa lei de Deus, um homem liga para o serviço do pecado pelo poder da justiça onipotente. O pecado é o mestre (o "marido") o homem que escolheu para servir, ea lei obriga-lo nesta relação como uma mulher está ligada pela lei ao marido de sua escolha. À medida que a boa lei mantém o criminoso na cadeia, por isso é a lei de Deus ao pecador que se liga ao serviço miserável do pecado. De fato, ".. Pecado., Tomando ocasião pelo mandamento, operou em mim toda sorte de concupiscência." Rom. 7:8. Ou seja, o pecado recebe seu direito legal da lei para assumir o controle de todo o homem que está sob a lei e trabalhar nele todo tipo de maus desejos.

A libertação do poder do pecado é encontrada somente em chegar a um acordo com a lei de Deus. Enquanto estamos em débito com as suas justas demandas, estamos "nos termos da lei" e certamente seremos mantidos na prisão do pecado. Mas, assim como que a fé se apodera de Cristo uma energia espiritual revitaliza o homem novo, dá também poder para fazer as coisas segundo a Lei de Deus. Na verdade, essa é a razão pela qual a lei se manteve até "que viesse a fé" (cf. Gal. 3:23, 24). Quando pela fé em Cristo, estamos perante a lei como perdoados e justos, a lei já não nos liga ao velho mestre que é o pecado. O pecado não tem mais poder para nos prender. Justificação traz (legalmente) a liberdade de não servir ao pecado. Libertação do poder do pecado é, portanto, o resultado inevitável da libertação da culpa do pecado.

2. EM MATÉRIA DE SANTIFICAÇÃO.
Tem sido muitas vezes dito e de facto assim é; que a justificação é o nosso título para o céu. Não nos podemos esquecer, contudo, que a vida do céu começa na vida aqui ou seja numa vida de santificação que tem início na terra, aqui e agora. A santificação é por antecipação a iniciação à vida glorificada. É a vida do céu na semente, os primeiros frutos, ou o gozar a herança imortal (Rm 8:23, Ef. 1:14). O céu é o acesso à presença de Deus. Trata-se de participar da Sua santidade e participar na Sua vida. Mas esta participação na santidade de Deus começa aqui, com aqueles que "provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa Palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro." Heb. 6:4, 5.
O homem caído perdeu todos os direitos e privilégios. Um pecador não tem qualquer direito ou título de participação na vida de santidade de Deus. No entanto, Cristo, e só Cristo, conquistou e oferece ao homem esse direito de acesso: "... Tantos quantos o receberam, deu-lhes o direito, ou privilégio [margem], para se tornarem filhos de Deus [a ser participantes de Sua natureza divina » 2 Ped. 1:4], “mesmo aos que crêem no seu nome... " João 1:12. A fé justifica, e sendo justificados, temos acesso jurídico (direitos e títulos) para entrar no caminho da santidade. Ao longo desta rota para a "cidade celestial" não deixarão de haver tentativas e ciladas para cairmos, estas devem no crente resultar em meios de purificar a nossa fé. Há gigantes para nos vencer, redes para nos prender e os homens astutos para nos seduzir. Em tais momentos de tentação e fraqueza humana, como podemos conservar puros os nossos corações diante de Deus? Só ao olhar-mos para o nosso título encontrado na justiça d´Aquele que nos representa à mão direita de Deus? Feliz é o homem que, na hora do teste e julgamento, pode olhar de fora para dentro, em vez de expiação para a realização.

3. A QUESTÃO PSICOLÓGICA DA CONVERSÃO
Justificação e santificação estão psicologicamente relacionadas. Podemos esperar que Aquele que fez e compreende a natureza do homem trabalha para salvá-lo de uma forma adequada às suas necessidades psicológicas mais profundas.

Uma vida de santificação (comunhão com Deus) é facilitada ao compreender que somos aceites por Deus sem o merecermos. Esta persuasão não pode basear-se no nosso desempenho passado, presente ou futuro. Deus quer que primeiro saibamos que Ele está plenamente satisfeito em Jesus connosco. O que é isto representa para nós? Cristo é o nosso representante. Ele carrega a nossa humanidade, na presença de Deus, e Deus quer que saibamos que Ele aceita a nossa humanidade na Pessoa do Seu Filho. Nesta questão de aceitação, portanto, é suficiente para nós sabermos que Jesus é aceite. É essa fé que nos capacita a servir a Deus livremente, com alegria, e por amor espontâneo.

Se um crente tenta viver a vida cristã, quer garantir ou consolidar a sua aceitação com Deus, imediatamente as motivações são outras; gratidão é espontânea e a obediência é um acto de alegria. Deus está mais interessado no motivo de serviço do que o desempenho real. Quando não compreendemos o que é a justificação pela fé é efectiva, trabalhamos na vinha do Pai como o filho "mais velho" da parábola do filho pródigo. Autoridade de Deus está sobre as nossas costas em vez de estar nos nossos corações. Nós mantemos uma selecção cuidadosa do que fazer e o que não fazer. De facto estamos no curral dos porcos mais que o filho mais novo estava no chiqueiro no "país distante."

A partir do momento que compreendemos que o amor do Pai é pleno, o nosso assenta na essência da santificação (Rm 13:10), devemos lembrar o ensinamento de Jesus que a quem é muito perdoado (justificação), o mesmo ama muito (santificação) (ver Lucas 7:40-47). Aquele que ouve a palavra da justificação ( "Nem eu te condeno...") É o único psicologicamente qualificado para obedecer no pleno sentido da santificação ( "... Vai e não peques mais") (cf. João 8:3 -11).

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