28.10.09

DEUS CORRIGE OS QUE SÃO SEUS FILHOS

A correção não concede filiação, pois a filiação é por meio do novo nascimento. Só após o homem nascer de novo, da água e do Espírito é que será disciplinado pelo Senhor. O cristão torna-se participante da santidade de Deus por ser gerado da semente incorruptível ( Ef 4:24 ), o que lhe dá a condição de filho. Não é a correção que dá a condição de filho. Após receber os que crêem em Cristo por filhos, Deus os corrige, e eles devem suportar a disciplina como filhos amados.

“... mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade”( Hb 12:10 )
Alguns teólogos afirmam que a santificação dá-se mediante a submissão à disciplina divina, e utilizam estes versículos para dar sustentação a tal posicionamento doutrinário: "Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade” ( Hb 12:1 -11), e "Mas, quando somos julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” ( 1Co 11:32 ).
Porém, ao analisar os versículos dentro do contexto, temos a seguinte surpresa: o castigo de Deus não é para santificação! A disciplina ou a correção de Deus não torna ninguém santo!
O início do capítulo doze da carta aos Hebreus é conclusão de uma idéia que teve inicio em capítulos anteriores “Portanto, visto que...” ( Hb 12:1 ). Nesta conclusão o escritor propõe que os cristãos corram com perseverança a carreira proposta, olhando firmemente para Cristo.
Dentro da conclusão o escritor apresenta um novo argumento solicitando aos cristãos que considerassem o quanto os pecadores se opuseram a Cristo: “Considerai aquele que suportou...” ( Hb 12:3 ). Ele apresenta dois argumentos para convencer os cristãos a perseverarem na fé (carreira proposta):
· Ainda não tinham resistido até o sangue ( Hb 12:4 );
· Não haviam chegado ao monte Sinai, mas sim ao monte Sião ( Hb 12:18 à 22).
No primeiro argumento, que dispõe sobre a necessidade de se considerar o sofrimento de Jesus, temos a exortação: “Ainda não resististes até o sangue (...) e já vos esquecestes da exortação que vos admoesta como a filhos” ( Hb 12:5 ).
O apóstolo apoia a sua argumentação num verso do Livro de Provérbios que diz: “Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, e não desmaieis quando por ele fores repreendido, porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo o que recebe por filho” ( Pv 3:11 ).
Com base neste versículo, o escritor da Carta aos Hebreus desenvolve o seguinte raciocínio dividido nas seguintes premissas:
· A correção é para disciplinar, instruir, corrigir ( Hb 12:6 );
· O tratamento dispensado por Deus aos Cristãos é como o tratamento que os pais dispensam a seus filhos ( Hb 12:7 );
· Que filho há que não necessite de correção?;
· Se alguém não sofre a disciplina é porque não é filho. Não passa de bastardo ( Hb 12:8 );
· Os pais (segundo a carne) corrigem e os filhos os respeitam, portanto, os cristãos são convidados a sujeitarem-se a Deus? ( Hb 12:9 );
· Os pais corrigem como bem lhes parece e por um período de tempo; mas Deus corrige “...para sermos participantes da sua santidade” ( Hb 12:10 ).
PAULO demonstra qual é o tratamento que Deus dispensa àqueles que são recebidos por filhos: a disciplina “Pois que filho há a quem o pai não corrige?”. Porém, a disciplina não promove a filiação divina, antes é a filiação que traz a disciplina.
A correção não concede a filiação, pois a filiação é por meio do novo nascimento. Somente após o homem nascer de novo, da água e do Espírito é que será disciplinado pelo Senhor.
O cristão torna-se participante da santidade de Deus por ser gerado da semente incorruptível ( Ef 4:24 ), o que lhe dá a condição de filho. Não é a correção que dá a condição de filho. Após receber os que crêem em Cristo por filhos, Deus os corrige, e eles devem suportar a disciplina como filhos amados.
“Santidade não é arrebatamento: é inteira entrega da vontade a Deus; é viver por toda a palavra que sai da boca de Deus; é fazer a vontade de nosso Pai celestial; é confiar em Deus na provação, tanto nas trevas como na luz; é andar pela fé e não pela vista; é apoir-se em Deus com indiscutível confiança, descansando em Seu amor.” Atos dos Apóstolos p, 51
Através da fé em Cristo, os cristãos são de novo gerados. Estes não têm outro destino a não ser filhos por adopção, ou seja, para quem esta em Cristo não há outro destino: são filhos de Deus. Não se trata de uns estarem predestinados e outros não. A Bíblia não deixa margem para dúvidas, todos estão predestinados a serem salvos. Ninguém, no entanto, o será contra a vontade.
Caso alguém não queira a posição de filho, que não venha a Cristo, visto que, todos quantos aceitarem a Cristo como Senhor, estes serão recebidos por filhos (predestinados) “Em amor nos predestinou para sermos filhos de adoção...” ( Ef 1:5 ).
Os cristãos a quem Paulo estava a escrever eram inculpáveis em meio a uma geração perversa, ou seja, geração que decorre da semente de Adão “... filhos de Deus inculpáveis...” ( Fl 2:15 ), e, por isso mesmo, participantes da santidade divina e do apego a esta vontad do Pai.
A idéia que o escritor aos Hebreus evidenciou aos cristãos é que se tornaram participantes da santidade divina (natureza). Para isso, ele se socorre da exortação que admoesta os homens quando recebidos por filhos ( Pv 3:11 ).
Deus recebeu os cristãos por filhos e os trata como filhos “Deus vos trata como a filhos” ( Hb 12:7 ), e a disciplina que o cristão 'sofre' confirma que está na posse de uma nova condição em Cristo: é filho, e por isso, será corrigido e disciplinado pelo Pai.
A disciplina de Deus demonstra o cuidado que Ele dispensa aos seus filhos, que através de Cristo são legítimos, e não bastardos. Enquanto os pais naturais corrigem os seus filhos segundo um parecer próprio, Deus corrige os seus para que permaneçam participantes da sua Santidade.
O cristão é santo por ser participante da natureza divina ( 2Pe 1:4 ), e não porque sofre a correção. E ninguém, que ainda não é filho, será disciplinado por Deus, pois a correção só é para os filhos.
Se os cristãos considerarem que Cristo suportou a oposição dos pecadores contra si ( Hb 12:3 ), não desfalecerão. O que pesa sobre os cristãos hoje é a correção do Senhor, e não a oposição dos pecadores, pois Ele já os recebeu por filhos.
A correção do Senhor demonstra simplesmente que o cristão foi recebido por filho, e que não é bastardo. Jamais a correção ou a disciplina é o elemento que santifica o homem. Mas a permanência em Jesus Cristo.
“Quando a verdade se torna um princípio dominante na vida, a alma é gerada, ´não da semente corruptível, mas da incorruptível, pela Palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre.´ Este novo nascimento é o resultado de receber Cristo como a Palavra de Deus. Quando, mediante o Espírito Santo; as verdades divinas são impressas no coração, surgem novas concepções, e as energias outrora dormentes despertam para cooperar com Deus.” Atos dos Apóstolo, p. 520.

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